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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Aprender uma nova língua: Liberte-se dos mitos!


Atualmente, aprender um novo idioma é algo praticamente obrigatório, em função das exigências do Mercado de trabalho e da Sociedade como um todo. Contudo, nós, profissionais da Linguagem, percebemos que há muitos mitos relacionados ao “aprender e ensinar” uma nova/segunda Língua. É de grande importância que essas idéias pré-concebidas sejam desmistificadas, pois tais crenças dificultam a aprendizagem e comprometem os resultados esperados de um aluno que estuda uma nova Língua (e consequentemente, uma nova cultura).


Muitas vezes um professor adentra uma sala de aula na qual os alunos percebem a língua estrangeira envolta em diversas crenças e mitos. Barreiras são criadas, limites são impostos com base em pressupostos sem nenhuma teorização. Mitos que não passam do senso comum prejudicam grandemente o ensino e o aprendizado de algo essencial para aquele que aprende. Sendo assim, perde-se tempo, perde-se dinheiro e o aluno sente-se desmotivado.


Um mito conhecido é o de que há línguas mais difíceis do que outras. Quando estudamos a linguística e o processo de aquisição - não da linguagem, mas de uma língua - , passamos a entender que isso não se aplica ao que realmente acontece. Cada língua tem suas particularidades. O que irá fazer a diferença é a proximidade da segunda língua com a língua materna.


Um falante do português terá assim, grande dificuldades para aprender o mandarim, o árabe, ou até mesmo o russo, que trabalham com ideogramas. Trabalhar com línguas como o espanhol, o italiano, o francês e o inglês seria trabalhoso e não menos difícil, pois seja qual língua for: aprender um novo idioma sempre será sinônimo de investimento e longo prazo. Sendo assim, o processo para a aquisição de qualquer língua estrangeira é o mesmo.


Entramos em outro grande mito: Espanhol é igual ao português. Esse mito é uma “pedrinha no sapato” dos profissionais desta área, pois torna-se difícil lecionar para alunos que já tem em si a idéia de que já sabem espanhol. (Esse mito é particularmente, um dos quais mais me incomodam. Por que será?).


Essa crença é logo desfeita quando se estuda o Espanhol de forma profunda. Já nos níveis iniciais o aluno depara-se com a “dura realidade”: espanhol não é português de forma alguma. Com o tempo, passa a entender que as estruturas gramaticais são totalmente diferentes, que a gramática difere em muitos aspectos da do português. O melhor exemplo para mostrar ao iniciante é a lista (enorme) de falsos cognatos, falsos amigos: palavras com a mesma grafia nas duas línguas, porém significados totalmente diferentes.



Uma grande crença que ainda permaneçe é a de que o inglês é a única língua estrangeira que vale a pena aprender. Muito tem acontecido para que essa crença caia por terra. O espanhol e o mandarim, por exemplo, daqui a alguns anos dominarão o mercado. Pessoas fluentes nesses idiomas serão muito reconhecidas. Atualmente, já não há grande surpresa ao conhecermos alguém que fala inglês, afinal, “todo mundo fala inglês”. Sendo assim, esse mercado satura-se cada vez mais, enquanto profissionais de outras línguas passam a ter mais espaço por pertencerem a um grupo menor.


Outra crença, agora relacionada ao nosso português é a de que gramática é algo muito difícil, senão impossível de aprender, para desespero de concurseiros e vestibulandos. Ou outra pior ainda: todo licenciado em letras-português (e essa crença existe até mesmo para os licenciados em língua estrangeira) é uma gramática ambulante, ou reprodução de um dicionário. Um letrando conjugar um verbo de forma incorreta é um “pecado”. Isso estende-se a outras áreas de conhecimento: é o mesmo que um matemático errar o resultado de um cálculo ou um advogado errar o número do artigo de uma lei. Que pobreza de conceitos!


Poderia eu listar inúmeras outras crenças, sem contar as de raiz psicológicas, como: “Nunca fui bom em tal disciplina e assim nunca saberei isso”, “Meus professores desta matéria foram péssimos... Este também não será diferente” e assim por diante. A classificação de crenças é enorme!


Crenças somente prejudicam o aluno e seu desempenho. Há duas semanas eu dava aulas de espanhol para uma classe de EJA (Educação de Jovens e Adultos). Sabe o que a maioria pensava? Que não passavam de repetentes burros. Poucos tinham uma boa perspectiva do futuro. Alguns, por já serem mais velhos, acreditavam que não precisavam mais aprender. Isso é um absurdo! Ali pude compartilhar com eles que todo ser humano é dotado de capacidades especiais, eles não seriam diferentes. Entretanto, há dificuldades na aprendizagem (como a dislexia, transtorno de concentração e muitos outros). A maioria dos grandes gênios da Ciência e da música - como Albert Einstein e Galileu - foram péssimos alunos, e isso consta em suas biografias!


Desse modo: Liberte-se de suas idéias pré-concebidas quanto ao aprender uma nova Língua. As vantagens são muito grandes, e é maravilhoso aprendermos uma nova cultura. Queira saber, questione, crie suas próprias idéias e conclusões. Não sejamos reprodutores de coisas que ouçamos falar, mas falemos daquilo que conheçamos. E o principal: Não substime-se, você é especial e possui dotações - e isso é algo que não se perde, pois o cérebro humano está em constante trabalho o tempo todo.


Iss vale não somente para o ensino e aprendizado de Línguas, mas para a vida como um todo. Tenho aprendido a não julgar sem conhecer, a não desistir ou criticar sem ter certeza do que falo. É uma tarefa árdua, mas crescemos sobremaneira!


Concluindo, isso se aplica também, principalmente a crenças, mitos (e aqui podemos dizer fofocas, difamações e murmúrios) acerca de pessoas. Posso falar de inúmeros objetos de estudo, mas pessoas sempre serão pessoas. Há vida, há sentimentos envolvidos.


Não seja destrutivo.Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós. E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão.” - Mateus 7:1-5


Livre-se de suas crenças, plante seus objetivos e metas, e colha os frutos! ;)