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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Em algum lugar da Índia.


Trata-se de um fato que provavelmente ocorreu em uma cidade esquecida no interior da Índia. Ao ver de início, pensei se tratar de algum lugar no Oriente Médio, porém ao analisar cuidadosamente os traços das pessoas envolvidas não pude contestar ou sequer confundir: realmente se passou na Índia.

O lugar, uma construção antiga, suja e velha, provavelmente deveria ser uma escola abandonada. Estava totalmente vazia. Um lugar perfeito para refugiar-se, ou para crianças brincarem de “esconde-esconde”, aproveitando-se do mistério do inóspito ambiente em suas brincadeiras infantis. Uma construção grande, com corredores largos e muitas salas. As paredes eram amareladas, o piso manchado e o ar pesado, carregado de pequenas partículas de areia.

Estava quente, quase sufocante. Essa determinada cultura asiática apregoa o uso de véus e vestimentas pesadas, assim como turbantes de pano grosso, independente da situação climática: seja chuva com trovoadas ou sol escaldante, as vestimentas sempre seguirão o mesmo padrão.

Naquele dia, apesar do grande calor, não foi diferente. Em meio a esse cenário, duas mulheres indianas caminhavam por entre os corredores da abandonada escola. Não, na verdade não caminhavam: elas corriam aflitas, em grande desespero.

Suas vestes eram típicas, eram mulheres daquele povoado. Trajavam batas de cores fortes acompanhadas de um véu sobre a cabeça. A mais velha - já uma mãe de família com seus quase 40 anos - vestia uma bata de cor ocre; ao passo em que a mais jovem, provavelmente sem ainda ter alcançado os 20 anos, vestia-se de cores alaranjadas juntamente com um leve, delicado e esvoaçante véu sobre a cabeça.

Os traços das duas mulheres não negavam: Tratava-se de mãe e filha. Eram dotadas de uma beleza pura, inocente. Traços fortes, a representação de um povo. Grandes olhos negros e profundos, nariz marcado e, por baixo dos véus, longos cabelos escuros, lisos e pesados. Pelas suas roupas deveriam pertencer à classe média - baixa, pois não continham muitos enfeites ou adornos, o que naturalmente nivela as classes sociais – ou castas.

Essas duas mulheres corriam pelos corredores sem rumo, sem direção, e vendo isso eu não conseguia compreender o que realmente estava acontecendo. Estavam aterrorizadas, às vezes tropeçavam. Estavam cheias de medo e temor. Uma apoiava-se na outra, e assim, procuravam juntas um lugar para refugiar-se, para esconder-se, na tentativa e esperança de saírem a salvo daquela situação.

Parecia um caso de vida ou morte... E realmente era.
Em determinado momento, quando estavam no meio de um dos corredores do primeiro andar, próximas à saída do antigo prédio, ouve-se alguns passos. Passos de um grupo de pessoas, pesados, firmes e fortes. Como em um filme de ação ou até mesmo um drama, vê-se um foco no rosto das duas mulheres. Os olhos profundos de presa prestes a ir para o matadouro, caça que foi encontrada, cordeiro a ser sacrificado. Desfalecimento do corpo e fraqueza nas pernas abaixo das panturrilhas, um possível desmaio em função da visão que tiveram vindo em sua direção. Foram encontradas. Será que haveria salvação para elas? Poderiam mãe e filha ser poupadas?

Quando olhei de onde vinham os passos até então desconhecidos, vi um grupo de soldados militares com desgastadas fardas acinzentadas. Eram ameaçadores e iam à direção das duas mulheres, deixando-as sem saída. Tinham grandes e pesados cassetetes, e as olhavam com ares de arrogância e descaso.

Como a explicação de quem era o quê, enxerguei algumas cenas que me fizeram entender o que estava acontecendo ali.
Vi aqueles mesmos soldados em algumas de suas práticas. Na verdade, tratava-se de uma milícia de repressão, de combate, de extermínio.
Enxerguei-os carregando homens de bem, amarrando-os com as mãos para cima como carne pendurada em açougue, e, sem piedade, quebrando-lhes as pernas suspensas no ar com cassetetes e pedaços de madeira velhos. Uma verdadeira animalidade, algo inimaginável. Assim faziam diversas vezes com muitos homens daquele lugar. E assim os matavam, e ao acabar com aqueles, saíam em busca de mais alguns que fossem alvo de extermínio.

Nossas duas mulheres inocentes faziam parte desse grupo com dias contados pelo governo.
As duas mulheres rapidamente entraram na primeira sala que viram, e em vão, empurraram e forçaram a porta para que ninguém conseguisse entrar. Rapidamente os soldados arrombaram a porta e as levaram de forma brutal e nada amigável para o corredor.

As duas mulheres gritavam, choravam, imploravam misericórdia. A mãe colocou-se na frente da filha e as duas em amor entreolhavam-se, tentando confortar uma à outra. Os soldados vazios, frios, e indiferentes trataram de rapidamente separá-las, mas as lágrimas, o desespero e a relutância por parte das duas mulheres não foram cessados.

Ouvi então um diálogo diferente. Ouvi-o em outra língua, um idioma que não compreendo, mas, de forma incrível, compreendi tudo o que falavam: os lamentos, as implorações, uma falando à outra, os soldados murmurando entre si. Pelas expressões em cada rosto, seria possível
até mesmo ouvir os pensamentos.

Afinal, o que era tudo isso?
Em todo momento, na medida em que a situação ia ficando cada vez mais horrível e intrigante, eu perguntava-me: Por que estou vendo isso? Isso realmente está acontecendo neste momento em alguma cidade esquecida na Índia? Essas duas mulheres são reais? Por que estão atrás delas, afinal? O QUE EU POSSO FAZER???

De repente, algo aconteceu. O momento decisivo, a cartada final, o golpe de misericórdia. Um dos soldados segurou bruscamente um dos braços da mãe, e preparou-se para fazer-lhe uma pergunta. Aquela pergunta - e principalmente sua resposta - definiria o rumo de sua vida. Eu estremeci de medo, pavor, e amor por aquela mãe desesperada. Eu já estava chorando.
Estava chorando de revolta, indignação, impotência, dó, medo, terror.

- Vocês são cristãs? – perguntou o soldado.

Eu não conseguia acreditar. Então era por isso toda essa perseguição? O que ela responderia? O que ela falaria?? Orei ao Senhor: “Deus, livre as tuas servas! Salve-as!” Por que eu não posso fazer nada? Por quê? Por quê, Senhor?? Eu chorava cada vez mais com o coração quase saindo pela boca.

A mãe, consciente de sua resposta e das conseqüências que elas trariam, tomou uma decisão por ela e pela filha – seu bem mais precioso, a razão de sua existência, o alvo de seus maiores desejos bons, sonhos e preocupações.
- Sim, nós somos.
O soldado repetiu a pergunta.
Dessa vez, entre lágrimas de quem está prestes a abandonar a vida no auge da mocidade cheia de sonhos que nunca se realizariam, foi a filha quem em silêncio, assentiu. Positivamente
Sem mais de longas, um último olhar entre pessoas que se amam, ligadas mais do que por um laço de sangue. Eram mãe e filha, mas também eram irmãs na fé que as unia. Estavam caminhando para a morte, mas também estavam dando passos largos para a verdadeira vida; a vida para qual realmente foram criadas. Estavam abandonando este mundo de forma cruel e covarde, mas em pouco tempo andariam por ruas de ouro em um lugar onde não haveria mais dor, nem sofrer, nem chorar, e nem morte. Estavam perdendo, mas estavam ganhando. Eram vítimas neste mundo, mas vencedoras que estavam prestes a chegar ao alvo da corrida, e sim, tudo aqui seria deixado para trás.

Sem muita demora, as duas mulheres foram seguradas com as mãos para trás pelos homens que as cercavam, e imediatamente reconduzidas à sala onde anteriormente tentaram se proteger. Todos entraram na pequena sala, e minha última visão das duas mulheres indianas foi das duas paradas em pé, com as mãos presas, em silêncio, convictas do que estavam fazendo.

A porta foi fechada.

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Ofegante e em lágrimas, acordei.
A sensação que tive foi a de que essas duas mulheres dependiam de mim para sobreviver. De que elas eram reais. De que aquilo estava realmente acontecendo em algum lugar do mundo enquanto eu dormia.
Orei por elas, orei pelos cristãos perseguidos, orei pelos missionários.

Na semana em que tive este sonho estranhei, pois no panorama de Missões Mundiais estava tudo calmo e tranqüilo. Nada de perseguições aparentes, o que estava gerando felicidade no corpo de Cristo.
Porém, na semana seguinte recebi o informativo de Missões Mundiais onde a Junta pedia oração pelos missionários e cristãos perseguidos na Índia. Levei um susto. Algum tempo depois, os ataques às igrejas na Índia – que haviam cessado – voltaram de forma brusca, e novamente emails com noticias terríveis circularam entre cristãos do mundo inteiro. Outras milhares de igrejas foram queimadas como havia ocorrido no ano de 2009, pastores e suas famílias foram espancados e mortos, e cristãos perseguidos e refugiados nos matagais. Essa situação permanece até os dias de hoje.

Não sei se aquelas duas mulheres realmente são – ou foram reais.
Não sei por que tive esse sonho em um momento em que, sinceramente, eu não refletia sobre a perseguição de cristãos no mundo ou sequer estava ouvindo notícias sobre.
O que sei é que não tiro por nada de minha cabeça a visão daquelas duas mulheres entregando suas vidas por amor a Cristo.

Dessa forma, pela primeira vez neste blog, faço um pedido a você querido leitor, de todo o meu coração. A você que tem um compromisso com Cristo ou até mesmo a você que não o conhece plenamente: ORE por essas pessoas. Ore por essas vidas que por amor a Cristo são entregues à morte todos os dias. Por favor, ore! Ore pelos cristãos, missionários, obreiros e pastores na Índia, na China, e nos demais lugares onde o evangelho de Jesus Cristo não é aceito. Milhares de pessoas estão tendo o mesmo fim que as duas mulheres do meu sonho. Por favor, se possível, faça isso AGORA mesmo.

A sua oração pode SALVAR muitas vidas.

Uma palavrinha aos cristãos brasileiros: Aproveite e valorize a liberdade que você tem para louvar, amar e seguir a Cristo.